….Será que existe em música o informal, o sem-forma, o sem-figura? Pode existir o informal mas este apenas assume a forma, reconhecível por um instante, daquilo que não tem forma. Não há ausência de forma na música, porque nada na música é em si mesmo uma outra coisa. O que poderia então ser o sem-figura? Seria o Outro radical, seria Deus ou o Nada.
[…] Acredito na escuta da escuta: ou seja, que no fundo, nós não ouvimos a música, mas ouvimos sobretudo a nossa própria escuta, porque o órgão que é o nosso ouvido “faz” a música que deixa entrar. Nunca seremos capazes de dizer com certeza quem ouve o quê e de que forma. (a mera comparação de várias críticas de concertos é muito edificante a este respeito, graças aos encantos da relatividade (à letra; talvez melhor, dos encantos do relativismo)
Désespérement humain. in Fixer la liberté; p. 169 Contrechamps.

Poder pensar com Wolfgang Rihm é um privilégio. Esta passagem remete naturalmente para o célebre artigo de Theodor Adorno “Vers une musique informelle” (título original em francês) ensaio lido em Kranischtein, em setembro de 1961. Publicado em Quasi una Fantasia, Surkamp Verlag 1963, Gallimard, Paris 1982. Creio bem que há muitos anos que não existem Adornos (ou outros semelhantes) que discutam música neste alto patamar que, não obstante, nos permite tanto concordar como discordar.
//
Est-ce que qu’il existe en musique de l’informel, du sans-forme, du sans figure? Il peut exister de l’informel, mais celui-ci revêt seulement la forme, reconnaissable pendant un instant, de ce qui n´pas de forme. Il n’y a pas de sans forme en musique, car rien en musique n’est par lui même rien d’autre. Que pourrait etre alors le sans-figure? Ce serait l’Autre radical, Ce serait Dieu ou le Néant. […]
Je crois dans l’écoute de lécoute: à savoir qu’au fond, nou n’entendons pas la musique, mais avant tout notre propre ecoute, car l’órgane qu’est notre oreille “fait” la musique que laisse entrer. On ne pourrat jamais dire definitivement qui entend quoi et de quelle manière.
(la seule comparaison de plusiers critiques de concert este três rejouissante.
(la seule comparaison de plusiers critiques de concert est três rejouissante à cet égard, grâce aux chames de la relativité)
Désespérement humain. in Fixer la liberté; p. 169 Contrechamps.