Reentering: nota de programa
17 de Maio 2009 10:53
não há apenas aprendizagens positivas…
…ao lado há também um verdadeiro curso de decepções
PETER SLOTERDIJK
1.Sobre a melancolia física do artista
Íntima e desoladamente, vou estanto cada vez mais convencido da inutilidade da arte e da música no quadro do espaço-tempo em que vivo. Uma nova obra portuguesa, amputada quase sempre dos seus modos actuais de sobrevivência –a edição da partitura e a edição discográfica– destina-se à categoria de desperdício patrimonial virtual e acrescenta-se às anteriores como alimento para a persistência do secular discurso lamentoso. É tempo de considerar esta situação definitiva, irreformável.
Esta não é uma boa notícia mas mais vale considerá-la verdadeira para melhor se poder interpretar a hipocrisia dos discursos oficiais de sempre e a permanência das insuficiências de todo o Séc.XX.
Resta ao criador considerar a sua obra como uma carta escrita aos amigos destinada a ser lida daqui por mil anos, na melhor das hipóteses.
No entanto, quando componho, sinto-me como que deslocado para fora das determinações do real e concentrado na coisa-em-si e assim posto em sossego na atitude desinteressada kantiana.
2.Sobre Reentering
Esta peça tem apenas um gesto. Um gesto largo, é certo, mas um gesto. Um ciclo de acordes, tocado como arpejo pelo vibrafone – instrumento condutor do processo – em torno do qual a orquestra funciona como uma espécie de lente que abre e fecha o zoom acústico decorrente de cada acorde. Na pequena teoria desta peça existe por isso a noção de pattern mas o seu desenrolar não é regular.
Sobrepõe-se a este aspecto uma ideia poética de âmbito subjectivo (vagamente derivada de uma memória pessoal de Mozart e Haydn) sobre um pequeno som de orquestra, de variações ínfimas de intensidade, de redução de nuances, e um carácter discursivo próximo do falar ao ouvido.
ANTÓNIO PINHO VARGAS,
Setembro de 2004
…ao lado há também um verdadeiro curso de decepções
PETER SLOTERDIJK
1.Sobre a melancolia física do artista
Íntima e desoladamente, vou estanto cada vez mais convencido da inutilidade da arte e da música no quadro do espaço-tempo em que vivo. Uma nova obra portuguesa, amputada quase sempre dos seus modos actuais de sobrevivência –a edição da partitura e a edição discográfica– destina-se à categoria de desperdício patrimonial virtual e acrescenta-se às anteriores como alimento para a persistência do secular discurso lamentoso. É tempo de considerar esta situação definitiva, irreformável.
Esta não é uma boa notícia mas mais vale considerá-la verdadeira para melhor se poder interpretar a hipocrisia dos discursos oficiais de sempre e a permanência das insuficiências de todo o Séc.XX.
Resta ao criador considerar a sua obra como uma carta escrita aos amigos destinada a ser lida daqui por mil anos, na melhor das hipóteses.
No entanto, quando componho, sinto-me como que deslocado para fora das determinações do real e concentrado na coisa-em-si e assim posto em sossego na atitude desinteressada kantiana.
2.Sobre Reentering
Esta peça tem apenas um gesto. Um gesto largo, é certo, mas um gesto. Um ciclo de acordes, tocado como arpejo pelo vibrafone – instrumento condutor do processo – em torno do qual a orquestra funciona como uma espécie de lente que abre e fecha o zoom acústico decorrente de cada acorde. Na pequena teoria desta peça existe por isso a noção de pattern mas o seu desenrolar não é regular.
Sobrepõe-se a este aspecto uma ideia poética de âmbito subjectivo (vagamente derivada de uma memória pessoal de Mozart e Haydn) sobre um pequeno som de orquestra, de variações ínfimas de intensidade, de redução de nuances, e um carácter discursivo próximo do falar ao ouvido.
ANTÓNIO PINHO VARGAS,
Setembro de 2004
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17 de Maio 2009 10:54
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17 de Maio 2009 10:53
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17 de Maio 2009 10:52
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Desenvolvido por Luis_Pinto @ Cowork, Design Carlos Pinto
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