No meu artigo ”A ausência da música portuguesa no contexto europeu: uma investigação em curso” publicado na Revista Crítica de Ciências Sociais, 78, Outubro 2007: 47-69, escrevo a dado momento:

“Um dos aspectos referidos por Lopes Graça no passo acima citado, refere-se à inexistência da música portuguesa no próprio interior do país. Julgo que a investigação realizada até este momento permite antecipar a conclusão de que, durante o século XX, as instituições culturais portuguesas tiveram um papel activo na produção de não‑existência.”

Para evidenciar alguns dos vários aspectos que essa inexistência pode assumir e permitir aos leitores uma verificação da actualidade da tese que defendo – entre muitos outros que poderia fornecer – transcrevo parcialmente um email de 7 de Agosto 2008 relativo ao CD Numérica/Casa da Música lançado em 12 de Abril e posto à venda dois meses mais tarde.

[…]
Caro
António Pinho Vargas

PARABÉNS.
Foi uma odisseia a procura do seu cd.
Primeiro a fnac disse-me, depois de encomendado, q “não”. Depois a casa da música também não tinha e, eu com um palpite que sim, mas se calhar era muito trabalho…. Enfim.
Telefonei à Numérica e encomendei-o à cobrança. Eis senão quando lá veio no dia seguinte. Tenho-o ouvido hora sim hora sim.
[…]

O problema principal aqui patente é o da distribuição que é muito ineficaz e insuficiente. Ocorre com a grande maioria dos discos desta área musical, com todos os compositores portugueses, realiza na prática quotidiana a irrelevância social desta música. Não se perfila no horizonte uma mudança significativa neste aspecto.

António Pinho Vargas, 2008-08-07