Magnificat, Actual do Expresso, crítica de Ana Rocha
“Uma narrativa musical dotada de um sentido dirigido à percepção sensível com vista a desencadear afectos e perceptos” é uma das expressões de António Pinho Vargas para caracterizar o “Magnificat” estreado no concerto de comemoração dos 20 anos da Culturgest, a instituição que lhe encomendou a obra. Com duração de 26 minutos, dez episódios bíblicos serviram para exibir o encntamento de Vargas com as palavras do libreto e o rigoroso trabalho do Coro Gulbenkian com o material procedente do “Evangelho segundo São Lucas”. O compositor assume não ter seguido os sulcos formais do “Requiem” e “Judas”, duas oratórias precedentes, pelo menos no estabelecimento do texto utilizado que não foi a primeira necessidade. O ponto de partida musical é uma citação, a primeira figura da melodia “Et Misericordia”, de J.S.Bach. Não se absorve de imediato a riqueza orquestral da partitura com as mais ínfimas flutuações de velocidade e de cores, uma tapeçaria que surge como efeito da experimentação composicional e instrumental. Cesário Costa dirigiu a orquestra e o coro com vitalidade e exuberância de forma a que a partitura ganhasse vida de forma muito fluída, sendo cada nuance técnica e expressiva trabalhada com detalhe” […] Ana Rocha, Actual, p. 35, 19-10-13