disco a caminho… (o facto é este…)

O facto é este: estou a receber andamento a andamento as edições das gravações de Maio no CCB do Concerto para Violino, do Concerto para Viola e da Sinfonia (subjetiva) que o Hugo Romano Guimarães me tem enviado regularmente. E não paro de me espantar com aquilo que oiço, com a enorme qualidade da Orquestra Metropolitana de Lisboa, de Pedro Neves, das solistas Ana Pereira e Joana Cipriano; para não falar da excelência do som e da edição que chega praticamente perfeita. Então, apesar do estado terrível do mundo nestas semanas, que nos oprime e nos angustia, passo pela experiência paradoxal de me encantar sucessivamente, dia após dia, andamento a andamento, com aqueles músicos e aquelas obras. Sei que são “minhas”, no sentido em que fui eu que as compus – sei que já gostava delas (compostas entre 2915 e 2019) – sei que estou a ouvir uma gravação excepcional, de músicos fora de série, e que tenho falado sobre a capa e tudo aquilo que editar um disco implica – que não é pouco – com a Vanessa Pires da Artway (que editará o CD em Novembro). Mas, mesmo sabendo tudo isso, fico como que suspenso, a pairar, por estar a viver “isto” que, não há muito tempo, já não me parecia possível, depois de ter sido possível tantas vezes em cinco décadas.

Já senti algo de semelhante no concerto do dia 14 de Maio no CCB como aqui ficou testemunho. Já passou meio ano mas, de certo modo, aqueles dias de Maio e a sua intensidade regressam agora todos os dias. Sei que há um conjunto de pessoas – não tão pequeno como isso – que estão a trabalhar para que tudo chegue a bom porto daqui por um mês. Sei também que há muitos bons amigos que esperam por isso. Estou-lhes muito grato. Post-scriptum (sempre a tempo): e obrigado Igor Stravinsky por teres mostrado ao mundo, no qual eras Stravinsky “o maior compositor do mundo” que era possível mudar de “persona” três vezes, sem deixares de seres tu até ao fim.