Domingo, dia 23, 17.00 no Grande Auditório do CCB
Orquestra Sinfónica da Orquestra MetropolitanaMichael Zilm Direcção musical
António Pinho Vargas (*) Onze Cartas
Anton Bruckner. Sinfonia nº. 4, Wab 104, Romântica (versão de 1880)
(*)Artista Associado 2014/15
“Juntam-se aqui duas obras imponentes. Onze cartas* foi composta por António Pinho Vargas em 2011, como resultado de uma encomenda participada pelo Centro Cultural de Belém. Num registo híbrido, a orquestra interage com uma composição eletroacústica em que se escuta três narradores dizendo textos de Italo Calvino, Jorge Luis Borges e Bernardo Soares. É uma profunda reflexão sobre a motivação criativa. De Anton Bruckner, ouve-se a Quarta Sinfonia, na mesma versão em que foi pela primeira vez tocada ao vivo, em Viena. Também se chama «Romântica», porque é inspirada nas paisagens campestres austríacas. São célebres as alusões que faz à atividade da caça, notórias no terceiro andamento.”* Encomenda conjunta da Casa da Música, Centro Cultural de Belém e Teatro Nacional de São Carlos.
(texto do site do CCB)
Acrescento que Onze Cartas foi considerada por mim, na altura em que a compus (2010-2011) como um “statement”, uma declaração de princípios por interpostas vozes, uma espécie de ópera sem cantores, mas com narradores., com vozes. O texto de Calvino (Giacomo Scalisi) introduz uma correspondência imaginária entre Jorge Luís Borges (Roberto Pérez) e Bernardo Soares (António Pinho Vargas) sobre a avassaladora e devastadora natureza do “acto de escrever”: escrever livros, poemas, música, seja o que fôr que nos implica o impulso. As 3 vozes falam nas suas línguas originais, portanto, falam 3 línguas originárias do sul da Europa. O “statement” torna-se desse modo político: são produtos artísticos de culturas determinadas que falam, de culturas subalternas no estado actual do mundo. Esta obra não é bela (nem tentou ser). Se for alguma coisa será tremenda (pelo menos para mim é tremenda) ou sublime, como Kant classificava as tempestadas nas montanhas ou as trovoadas ameaçadoras. Os textos são sublimes. Sou amigo e grande admirador de Michael Zilm (será a 5ª obra minha que dirige) Agradeço-lhe sempre a enorme qualidade e a admirável atitude. APV