António Pinho Vargas

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13 de abril, 2025

Monodia – quasi un requiem (1993)

String Quartet

Notas dispersas sobre Monodia, quasi un requiem. (1993)


Esta peça foi concebida para ser tocada usando um pequeno sistema de amplificação e reverberação excepto se for apresentada numa sala com muita ressonância.

O material original é muito simples: duas melodias, uma linha a duas vozes e um agregado cromático. A atitude ritmica deve ser sempre solta e flexível...

A ideia de ressonância é central nesta peça. O som de cada nota e a imaginação tímbrica dos músicos são muito importantes.

O meu primeiro título foi “Quasi um Requiem”. É uma peça acerca da extinção do som e da vida. É sobre o absurdo da morte, do racismo e da intolerância. A secção central é uma espécie de “non-sense” passacaglia...

Encomenda das Jornadas de Arte Contemporânea do Porto de 1993


no CD Monodia (1995)


em “monodia - quasi un requiem” uso uma simples sucessão melódica e um gesto musical lírico e consonante- mas que prazer nestas palavras - como ponto de partida da peça. ela é excessiva, tensa,  às vezes quase insuportável. escrevi uma pequena teoria do grito mas perdi o papel... 

         a ideia era que um grito é tanto mais estridente quanto mais silencioso se exprime, permanecendo ainda grito. o silêncio pode ser o mais violento dos protestos. na nossa civilização audio-visual o silencio é sinal de avaria, de não funcionamento.

         quis fazer uma peça sobre a morte, sobre o avanço da barbárie, às vezes sobre aparência até bem elegante e divertida. mas como fazer uma peça sobre a barbárie sem gritar alto, ao ponto de não se ouvir? estas ideias não estão na peça. estavam em mim quando a compunha.

mesmo assim talvez se ouçam...

 pequena teoria do grito                                        para Luigi Nono

 

 1995

Monodia - quasi um requiem (1995) Violin: James Dahlgren Violin: Anthony Blea Viola: Paul Wakabayashi Cello: Paulo Gaio Lima

Arditti Quartet