António Pinho Vargas

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Nota: Três Versos de Caeiro

Três Versos de Caeiro

 para 12 instrumentos

 

Normalmente gosto de escrever sobre as minhas peças, e muitas vezes isso é mesmo uma necessidade fulcral. Infelizmente não é o caso desta peça. Este texto resulta, por isso, de um esforço. 

1.Há vários aspectos que ligam esta peça a uma outra "Três Quadros para Almada". 

Em primeiro lugar a divisão da instrumentação em 3 grupos mais ou menos homogéneos. Em segundo a ligação exterior ao trabalho de um artista. No caso de 3 Quadros através de títulos imaginários de pinturas inexistentes , no caso de 3 Versos com a inclusão de 3 versos dos Poemas Inconjuntos de Alberto Caeiro no início de cada um dos andamentos. Não são subtítulos mas funcionam como programa poético para a interpretação. A "ideologia" anti-metafísica  ou naturalista da poesia de Caeiro - tipo "as coisas são como são" - é-me útil neste momento.

         Os versos são: 

1º     " Pouco me importa. 

          Pouco me importa o quê? Não sei, pouco me importa"

2º      " ... outras vezes oiço passar o vento ... "

3º       " Se eu morrer muito novo, oiçam isto:

           Nunca fui senão uma criança que brincava. "

 

2. Há meia duzia de elementos que organizam a peça: um acorde de 6 notas, uma "dyad"- duas notas-; uma figura no 2º verso, vista canónica ou verticalmente  atraves de uma estrutura de transposiçoes derivada do 1º acorde; o 3º verso escrito a partir  da "dyad" si -do#. 

3. O terceiro Verso funciona para mim como uma "Hommage à Kurtag " homenagem/ agradecimento a um compositor que parece concretizar em música o programa poético de Caeiro.

 

 

Encomenda da Fundação Calouste Gulbenkian

Março de 1997

Três Versos de Caeiro