Monodia – quasi un requiem (1993)

O texto que se segue foi publicado no CD Monodia da EMI Classics em 1995 e reeditado em 2014 nas plataformas digitais pela Warner. O seu carácter não é o de uma nota de programa habitual mas em geral tem sido publicado com alguns ajustes quando a obra é tocada.

“[…] As últimas peças compostas em Lisboa em 1993 e 1994 marcam alguns passos naquilo que sinto como uma reconquista progressiva de elementos da linguagem musical que eu conhecia mas não utilizava na escrita por razões ideológicas. Tive de montar uma “máquina de guerra” [Deleuze] com alguma ajuda porque não há maior obstáculo do que aquele que se instala dentro de nós.
Em Monodia – quasi um requiem uso uma simples sucessão melódica e um gesto musical lírico e consonante como ponto de partida. A obra é excessiva, tensa, às vezes quase insuportável. Escrevi uma pequena teoria do grito mas perdi o papel… A ideia era que um grito é tanto mais estridente quanto mais silencioso se exprime, permanecendo ainda grito. O silêncio pode ser o mais violento dos protestos. Na nossa civilização audio-visual o silêncio é sinal de avaria, de não funcionamento. Quis fazer uma peça com um carácter fúnebre, un requiem, sobre o avanço da barbárie… […]”.
in António Pinho Vargas, in CD Monodia 1995.

A obra foi estreada pelo MusikFabrik em 1993 no Teatro Rivoli e encomendada pela Câmara Musicipal do Porto para as Jornadas de Música Contemporânea do mesmo ano. Foi tocada posteriormente por vários quartetos em vários países: Arditti Quartet, Artis Quartet de Viena, The Smith Quartet, Quarteto Lacerda e Quarteto de Cordas de Matosinhos entre outros.

Video Quarteto de Cordas de Matosinhos
https://www.youtube.com/watch?v=Eve3uSLM5lg
Video CD Monodia James Dahlgren, Anthony Blea, Paul Wakabashi, Paulo Gaio Lima
https://www.youtube.com/watch?v=Xt0XSOiukso
Video CD Arditti Quartet
https://www.youtube.com/watch?v=DSJr6elZElo