Mas isto são coisas do passado, revistas neste registo em Poetica dell`Estinzione, Mirrors e também na peça para clarinete. Mais recentemente, Pinho Vargas segue um percurso bastante
diferente. O que chama de “reconquista progressiva de elementos da linguagem musical que conhecia mas não utilizava na escrita por razões ideológicas”. Trata-se de uma perspectiva que permite olhar a composição de uma obra como um gesto isolado, emancipado de qualquer corrente estética. A obra justifica-se a si própria, bem como a intenção do compositor.
Repõe-se, afinal, a importância do elemento expressivo como principal meio de constituição de significado musical, ganhando as obras por vezes um contorno lírico e um tom de espontaneidade surpreendentes, bem perceptíveis em Monodia ou nos Três Quadros para Almada. A palavra de ordem não é “inovar”; antes “experimentar de novo”.